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Arqueologia no Centro-Oeste: Descobertas no Vale do Rio Guaporé Revelam 10 Mil Anos de História

  • Foto do escritor: Oeste MT Urgente
    Oeste MT Urgente
  • 13 de nov.
  • 3 min de leitura
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A região Centro-Oeste do Brasil é amplamente reconhecida pela arqueologia como um território de grande relevância histórica. Com ocupações humanas que remontam a pelo menos 10.000 anos, esse espaço abriga um valioso acervo de vestígios culturais que ajudam a compreender a evolução dos modos de vida no Cerrado brasileiro.

Pesquisas recentes no vale do rio Guaporé, localizado nos municípios de Pontes e Lacerda, Vale de São Domingos e Jauru (MT), reforçam a importância desse território para o estudo das populações ancestrais que habitaram o país.

A Ocupação Humana no Centro-Oeste: Caçadores, Coletores e Agricultores

A arqueologia da região revela uma dinâmica sucessão de modos de vida ao longo de milênios.• Em períodos mais antigos, prevaleceram grupos caçadores-coletores, caracterizados por tecnologias líticas e mobilidade territorial.• Com o passar do tempo, observa-se a transição para comunidades agrícolas, voltadas para o cultivo e manejo de plantas nativas.

Além disso, o Centro-Oeste também se destaca por apresentar um território marcado simbolicamente pela presença de arte rupestre, registrando expressões culturais impressas nas rochas.

A Paisagem do Cerrado e Sua Importância para a Arqueologia

O Cerrado, com sua vegetação típica e clima quente, moldou profundamente a ocupação humana. Rios e córregos que cortam o relevo regional funcionaram — e ainda funcionam — como verdadeiros eixos de sobrevivência, mobilidade e fixação.

Essas condições ambientais ajudaram a conservar vestígios arqueológicos essenciais, muitos dos quais vêm sendo identificados durante pesquisas ligadas aos processos de licenciamento ambiental.

Pesquisas no Vale do Rio Guaporé: Arqueologia e Licenciamento Ambiental

As investigações arqueológicas realizadas na região integram as etapas de licenciamento da Linha de Transmissão 138 kV SE Nova Guaporé – SE Jauru, empreendimento do setor elétrico que atravessa diferentes municípios do Mato Grosso.

Atualmente, o estudo encontra-se na fase de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico, seguindo os protocolos da Instrução Normativa IPHAN nº 001/2015. Essa etapa envolve:

  • Linhas de caminhamento,

  • Escavação de poços-teste,

  • Identificação de áreas com alto potencial arqueológico.

Descoberta do Sítio Arqueológico Fazenda Divino

Como resultado das pesquisas, foi identificado o Sítio Arqueológico Fazenda Divino, localizado na confluência entre o rio Guaporé e um de seus afluentes, em uma área de relevo suavemente plano.

Características do sítio

  • Fragmentos de cerâmica arqueológica dispersos pela superfície;

  • Presença de sedimento cinza escuro, indicativo de atividades antrópicas antigas;

  • Potencial para revelar práticas culturais, tecnologias e formas de ocupação humana.

Essa descoberta reforça a relevância arqueológica do vale do rio Guaporé e abre caminho para novas interpretações sobre a presença humana pré-colonial na região.

Educação Patrimonial e Envolvimento Comunitário

A pesquisa também incluiu ações de divulgação e esclarecimento com moradores próximos ao empreendimento. As atividades envolveram:

  • Explicações sobre a importância da arqueologia no licenciamento ambiental;

  • Distribuição de dois folders educativos:

    1. Etapas da pesquisa arqueológica,

    2. Informações culturais sobre povos que habitaram o planalto central antes da chegada europeia.

Essas ações fortalecem a socialização dos resultados científicos e despertam o interesse da comunidade pela preservação do patrimônio arqueológico brasileiro.

A Importância da Divulgação Científica

Além das ações locais, a publicação desta nota nas redes sociais da Espaço Arqueologia amplia o alcance do conhecimento produzido, permitindo que o público geral compreenda a relevância desses estudos — especialmente em um contexto social em que o acesso à informação confiável é fundamental.

Próximos Passos da Pesquisa

Com novas orientações do IPHAN, a equipe poderá avançar para a fase de resgate arqueológico, aprofundando a investigação sobre:

  • Dinâmicas de ocupação humana;

  • Tecnologias utilizadas;

  • Transformações culturais ao longo do tempo.

Essa etapa representa um avanço significativo para revelar como os antigos habitantes do Centro-Oeste brasileiro viviam, produziam, simbolizavam e transformavam o ambiente onde milhares de pessoas vivem hoje.

Conclusão

As descobertas no vale do rio Guaporé reforçam o potencial arqueológico do Mato Grosso e a importância de integrar a preservação do patrimônio cultural às obras de infraestrutura. O Sítio Arqueológico Fazenda Divino é mais um capítulo na vasta história que o subsolo brasileiro ainda guarda — e que a arqueologia segue revelando, escavação após escavação.

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