Comando Vermelho domina 71 cidades em MT e disputa controle de outras 14 — veja a lista completa

Estudo revela avanço acelerado do Comando Vermelho, que já exerce influência em 286 cidades brasileiras

O crime organizado está redesenhando o mapa de Mato Grosso. O Comando Vermelho (CV) já estabeleceu domínio exclusivo em 71 municípios do estado e avança para consolidar a hegemonia em outras 14 cidades, incluindo importantes polos como Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis e Sinop.

De acordo com o estudo "Cartografias da Violência na Amazônia 2025", o estado de Mato Grosso é hoje o lar de quatro facções criminosas — Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC), Tropa do Castelar e B40. Juntas, elas estão presentes em 92 municípios, o que representa cerca de 65% do território mato-grossense.

📈 CV: Expansão Acelerada e Capilaridade Nacional

Embora CV e PCC tenham suas origens no Sudeste do país, a última década tem marcado a exploração intensificada das vulnerabilidades da região amazônica.

O Comando Vermelho, em particular, demonstra uma velocidade de expansão superior, ampliando sua presença em 123% em apenas dois anos e passando a influenciar 286 cidades em todo o Brasil. Essa capilaridade contrasta com a estratégia do PCC, que, segundo o estudo, prefere controlar corredores logísticos específicos ligados ao tráfico internacional de cocaína, priorizando pontos estratégicos em vez de uma presença pulverizada.

"A imensidão da região, a diversidade socioeconômica e a fragilidade institucional favorecem a expansão dessas organizações, inclusive em áreas legalmente protegidas, como terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação." — Trecho do estudo Cartografias da Violência na Amazônia 2025

O avanço dessas facções está diretamente ligado ao crescimento das disputas territoriais e à intensificação da violência na Amazônia, criando uma "territorialidade do crime". Este controle é marcado pela exploração ilegal de recursos naturais, domínio de rotas logísticas e, alarmantemente, por alianças locais com setores políticos e econômicos.

📍 O Domínio do Comando Vermelho em Mato Grosso

O CV exerce domínio absoluto em um vasto conjunto de cidades que atravessam o estado, desde a fronteira até o Araguaia.

Cidades com Hegemonia Exclusiva do CV (71):

• Acorizal, Água Boa, Alta Floresta, Alto Araguaia, Alto Boa Vista, Alto Garças, Apiacás, Arenápolis, Aripuanã, Campinápolis, Campo Novo do Parecis, Campos de Júlio, Canabrava do Norte, Canarana, Carlinda, Castanheira, Chapada dos Guimarães, Cocalinho, Colíder, Comodoro, Confresa, Curvelândia, General Carneiro, Glória D’Oeste, Guarantã do Norte, Guiratinga, Ipiranga do Norte, Diamantino, Itaúba, Itiquira, Juína, Lambari D’Oeste, Luciara, Marcelândia, Mirassol D’Oeste, Nobres, Nortelândia, Nova Bandeirantes, Nova Canaã do Norte, Nova Monte Verde, Nova Mutum, Nova Nazaré, Nova Olímpia, Nova Ubiratã, Nova Xavantina, Novo São Joaquim, Paranatinga, Pedra Preta, Peixoto de Azevedo, Poconé, Pontal do Araguaia, Ponte Branca, Porto Alegre do Norte, Porto Esperidião, Poxoréu, Primavera do Leste, Querência, Reserva do Cabaçal, Ribeirão Cascalheira, Rosário D’Oeste, Santo Antônio do Leste, Santo Antônio do Leverger, São Félix do Araguaia, São José do Xingu, São José dos Quatro Marcos, São Pedro do Cipa, Sepezal, Tapurah, Terra Nova do Norte, Torixoréu e Vila Rica.

Cidades Onde o CV Busca o Domínio Total (14):

• Barra do Bugres, Cáceres, Cuiabá, Itanhangá, Juruena, Lucas do Rio Verde, Nova Marilândia, Pontes e Lacerda, Rondonópolis, Sinop, Sorriso, Tangará da Serra, Várzea Grande e Vila Bela da Santíssima Trindade.

🚢 Rotas do Crime: Rios, Pistas Clandestinas e Tecnologia

As facções diversificaram as estratégias de transporte e logística. O Comando Vermelho concentra-se no domínio de rotas fluviais, especialmente no eixo do Rio Solimões. Essa estratégia conecta o grupo diretamente à produção de cocaína no Peru e aos cartéis colombianos.

O escoamento da droga segue para centros portuários estratégicos (Manaus, Santarém, Arcarena, Belém e Macapá), utilizando métodos que vão desde embarcações regionais e lanchas rápidas até submersíveis e o uso de "mulas" humanas.

Em contrapartida, o PCC tem intensificado o uso de rotas aéreas clandestinas, aproveitando a estrutura de garimpos ilegais e a fragilidade de monitoramento em áreas de conservação para operar o tráfico internacional.