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História de Campos de Júlio (MT): Da Colonização ao Desenvolvimento Moderno

  • Foto do escritor: Oeste MT Urgente
    Oeste MT Urgente
  • 14 de nov.
  • 4 min de leitura

A história de Campos de Júlio, no noroeste de Mato Grosso, é marcada por coragem, colonização planejada, agricultura pujante e um forte espírito comunitário. O município nasceu de um projeto visionário, liderado por pioneiros que transformaram um vasto chapadão de cerrado em uma das regiões agrícolas mais importantes do Estado.


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Origem do Povoamento e Projeto de Colonização

Campos de Júlio possui uma característica singular: trata-se de um Projeto de Colonização Particular, planejado pelos empresários Valdir Masutti e Argeu Fogliatto, responsáveis por organizar infraestrutura, atrair famílias e iniciar o povoamento.


Entre o fim da década de 1970 e início dos anos 1980, o Brasil vivia a expansão da chamada Fronteira Agrícola, quando milhares de famílias do Sul do país migraram para Mato Grosso em busca de terras produtivas.Essa região fazia parte do território de Vila Bela da Santíssima Trindade, tendo como cidades mais próximas Pontes e Lacerda (MT) e Vilhena (RO).


Masutti e Fogliatto, ao sobrevoarem entre os rios Juína e Juruena, identificaram um enorme chapadão plano, coberto por cerrado, ideal para grandes lavouras. Empolgados com o potencial agrícola, organizaram as primeiras expedições terrestres, enfrentando estradas precárias, ausência de pontes e até a travessia improvisada do Rio Juruena em balsas de madeira.


O primeiro trator a chegar à região foi um CBT 1090, usado para abrir picadas e preparar o arranchamento inicial.

A Fundação da Vila Coflasul

Em 1984 nasceu a Vila Coflasul, núcleo que deu origem ao atual município. A fundação está intimamente ligada à Cooperativa Florestal Sulina, também criada por Masutti, que atraiu famílias do Sul do país e deu início à organização econômica e social da futura cidade.

Entre os primeiros pioneiros estavam:

  • Neri Delazzari (1980) – um dos primeiros agricultores a adquirir grandes áreas.

  • Família Machado, responsável pela gestão da Fazenda Delazzari.

  • Família Finato, associada à Fazenda Ferragens Cascavel.

  • Famílias Dors, Sebben, Tomé, entre outras.


Em 1984, o comerciante Dilceo Ferreira da Silva abriu o primeiro mercado local, o Mercado Pioneiro, essencial em uma época onde alimentos chegavam por avião ou por longos trajetos vindos de Jauru (MT) e Vilhena (RO).

Frutas e verduras eram raras, e a carne mais consumida era suína conservada na banha ou carne de caça.

Cultura Gaúcha e Identidade Local

Por ser colonizada majoritariamente por sulistas, a região rapidamente incorporou tradições do Rio Grande do Sul. Em 1987 foi fundado o CTG Nova Querência, que se tornou o centro de preservação cultural e promove até hoje bailes, rodas de chimarrão e a Semana Farroupilha.

Primeiros patrões do CTG:

  • Oscar Kriggel

  • Alduino Zamo

  • Dilceo Ferreira da Silva (responsável pela regulamentação)


As festas comunitárias eram clássicas: galinhadas, aniversariantes do mês, festejos juninos, carnaval e eventos escolares.

Construção da Igreja e a Vida Religiosa

Em 1983, Valdir Masutti trouxe estruturas de madeira da Vila Uirapuru para construir a Igreja Católica Nossa Senhora das Graças.A primeira missa ocorreu em 06 de agosto de 1984, celebrada pelo padre José Herval Ferreira.


A imagem da padroeira chegou às pressas trazida por Zelino Lorenzzetti, tornando Nossa Senhora das Graças oficialmente a protetora da comunidade.


Com o crescimento populacional, formaram-se grupos de catequese, crismandos e movimentos religiosos que fortaleceram a fé local.

Educação nas Primeiras Décadas

Com a chegada das primeiras famílias, surgiu a necessidade de escolas. A primeira foi a Escola Municipal Coflasul (1984), funcionando em um prédio de madeira com apenas duas salas. Professores enfrentavam dificuldades para receber materiais, livros e até salários, devido à distância até Vila Bela da Santíssima Trindade.


Com o crescimento populacional, novas escolas foram criadas:

  • Escola Treze de Maio (1987) – Linha Zamo

  • Escola Josefina Vanderlei (1989) – posteriormente Escola Afonso Pena

  • Escola Eliza K. Tomé (1989) – Linha Cabaçu

  • Escola Heitor Villa-Lobos – Linha Masutti

  • Escola Estadual Angelina Franciscon Mazutti (1990) – que chegou ao Ensino Médio e se tornou referência na região


A primeira formatura de 8ª série ocorreu em 1990, com alunos pioneiros marcando a história da educação local.

Processo de Emancipação de Campos de Júlio

Em 1986, Comodoro foi emancipado, e Campos de Júlio tornou-se seu distrito, recebendo esse nome em homenagem ao governador Júlio José de Campos, responsável pela assinatura da lei.


Mas o distrito crescia rápido e despertou o desejo de autonomia. Após a morte do idealizador Valdir Masutti, em 15/02/1994, o movimento emancipacionista ganhou força como homenagem ao pioneiro.


Em 26 de fevereiro de 1994, foi criada a Comissão Pró-Emancipação, com lideranças locais empenhadas em cumprir as exigências legais.


O plebiscito realizado em 16 de outubro de 1994 teve resultado esmagador:

  • 757 votos SIM

  • 2 votos em branco

  • 1 voto NÃO


Em 28 de novembro de 1994, pela Lei Estadual 6.561, de autoria do deputado Jair Benedetti, Campos de Júlio foi oficialmente emancipado. A lei foi sancionada pelo governador Jaime Veríssimo de Campos.


A primeira prefeita eleita foi Claides Lazaretti Masutti, esposa de Valdir Masutti, acompanhada do vice Dirceu Martins Comiran.

Gestões Municipais

Desde a criação, Campos de Júlio teve os seguintes prefeitos:

  1. Claides Lazaretti Masutti – 1º mandato

  2. Claides Lazaretti Masutti – reeleita

  3. José Odil da Silva

  4. Claides Lazaretti Masutti – terceiro mandato

  5. Dirceu Martins Comiran

  6. Dirceu Martins Comiran – reeleito

  7. José Odil da Silva – eleito novamente

  8. (continua conforme períodos posteriores)

Economia: Da Soja ao Novo Ciclo Industrial

Campos de Júlio consolidou-se como um dos maiores celeiros agrícolas de Mato Grosso, produzindo:

  • Soja

  • Milho

  • Algodão

  • Carne

  • Produtos derivados da agroindústria


Nos últimos anos, iniciou um processo de industrialização com:

  • Algodoeiras

  • USIMAT (Usina de Álcool) – comunidade do Alto Juruena

  • Indústrias como Milhopar

  • PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) nos rios Juruena e Juína, tornando a cidade autossuficiente em energia

Conclusão: A Força dos Pioneiros

A história de Campos de Júlio é marcada por determinação, fé e trabalho.As famílias pioneiras enfrentaram dificuldades, abriram estradas, ergueram escolas, igrejas e comércios, e transformaram um território isolado em um dos municípios mais promissores do Centro-Oeste.


Hoje, Campos de Júlio é sinônimo de:

✅ Desenvolvimento rural

✅ Agricultura moderna

✅ Tradição sulista

✅ Crescimento econômico

✅ Qualidade de vida


Um legado construído pela coragem de quem acreditou neste chão ― e plantou sonhos que hoje dão frutos.


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